- Ano: 2013
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Fotografias:Victor Esteves
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto é parte da estratégia de desenvolvimento urbano ‘Inventar a Cidade’, e evoluiu do concurso Europan 9 para o que é agora uma parte regenerada da cidade de Santo Tirso. Foi uma oportunidade para converter um "não-lugar" num espaço qualificado no contexto social, urbano e natural da cidade.
O Parque Ribeiro do Matadouro, ocupa uma área de 1.54ha no centro da cidade e teve como diretrizes de concessão a cultura local, a ecologia e a tradição, aliadas a métodos de construção sustentável.
Este espaço foi transformado num organismo vivo que é estruturado por diversas escalas, ritmos e velocidades num contexto de cidade contemporânea, com os objetivos de tornar transparente a identidade do local, e de criar um espaço de interação social em estreita relação com os elementos naturais. Aliada a estes princípios está a experimentação de novas soluções de design, conjuntamente com soluções para a gestão racional dos recursos, contribuindo positivamente para uma baixa manutenção: espécies vegetais adaptadas ao solo e às condições climáticas da região, materiais recicláveis, eficiência energética de equipamentos e sistemas de irrigação de baixo consumo).
O ato de converter este espaço num espaço público, com vertente pedagógica e democrática, consciencializa os utilizadores para as boas práticas ambientais, incentiva à interação com a natureza, e permite a criação de diferentes tipos de recreio para diversas classes sociais e etárias.
O projeto pode ser compreendido através das suas quatro componentes estruturantes:
A ‘componente viva’, enquanto conjunto dos diversos elementos biofísicos que caracterizam e diferenciam este local: a forte presença da água - ribeiro do matadouro e zona de máxima infiltração; as condições pedológicas, e a estrutura arbórea pré-existente (dominada por salgueiros negros e amieiros). Para enriquecer a experiência foram introduzidas novas espécies, estimulando novos nichos ecológicos e promovendo a biodiversidade.
Para diferenciar as zonas consoante o seu nível de umidade/alagamento, foram acentuadas algumas das depressões naturais do terreno, criando charcos naturais de caráter temporário, onde se procedeu à plantação de juncos, hostas, fetos, tabuas, papiros, ajuga, menta, lírio-do--pântano e, entre outros. A estrutura arbórea foi consolidada e reforçada com freixos, choupos, vidoeiros, salgueiros, ulmeiros e freixos, entre outros.
A ‘malha ativa’, que promove a mobilidade e conectividade pelo parque, através de percursos com diversas expressões que facultam o movimento e a percepção do espaço a diferentes velocidades (percurso principal, percursos secundários interpretativos e ciclovia).
A Sudoeste surge uma praça de recepção em concreto, que simultaneamente funciona como estacionamento. Esta área conecta-se ao percurso pedonal principal e à ciclovia em concreto permeável. O percurso principal e os secundários, funcionam como plataformas elevadas construídas em madeira tratada e revestidas em compósito de madeira, assegurando a permeabilidade. Todos os materiais foram pensados em cores escuras para realçar o contraste com a vegetação. A sinalética no pavimento interliga os diferentes percursos e enfatiza o jogo de velocidades pelos símbolos – play, stop, pause e fastfoward.
As ‘esculturas interpretativas’, surgem associadas ao movimento do município de criar uma ‘rota das esculturas’ (agenda 21). Estes elementos, inspirados na técnica ‘origami’, para além da sua componente artística/cênica, são também elementos multifuncionais que integram todos os equipamentos que permitem uma maior apropriação do espaço: zonas de sentar/deitar, separação diferenciada dos resíduos e sistemas multimédia.
Os ‘utilizadores’ consistem nas pessoas enquanto elementos ativos neste ambiente, esculpindo a forma como este lugar é usado, vivido e percepcionado.